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Foto do escritorDanielle Vidal de Aguiar

Será que sou Mary Richmond?


Teve um dia que me lembrei de uma capacitação que eu participei como assistente social do SEAS ( abordagem de rua) dos CREAS, que vc cara leitora deve conhecer. Pois bem, uma professora falou e me abriu os olhos , ela fez uma retrospectiva história dos tempos que as primeiras caravelas desembarcaram no Brasil, descreveu a reação dos indígenas e das crianças indígenas vivendo aquele circo de horrores da violência. Relatou como os jesuítas foram importantes para a lavagem cerebral dos indígenas,

o massacre cultural que foi aquilo. Relatou dando ênfase ao que as crianças sentiram e ouviram , do que era certo e errado para elas sob o ponto de vista do colonizador europeu.

Ressaltou a forma como eram feitas as aproximações com as crianças e seus pais, no sentido de "educar" , todo o processo de hierarquia e superioridade que o português jesuíta deve ter se comportado para o crime da catequização.

A partir do relato da chegada dos Europeus ao Brasil, período que a Igreja Católica reinava e ditava as leis , veio a seguinte observação da professora.

-Cuidado para vocês não reproduzirem as mesmas falas e mesmos objetivos da época da colonização. Que nós não sejamos os "colonizadores" querendo e


mpurrar nosso meio de pensar, embebido por ações que o Estado quer.

Bem, todos sabemos que no surgimento do Serviço Social foi marcado por ações de cunho higienista católico, cuja função era domar o ser humano para que o mesmo sentisse culpa por sua realidade e que a salvação era obedecer as moças bondosas que vieram lhe dar uma caridade.

Mary Richmond instrumentalizou a ação social, com as visitas amigáveis para as pessoas que precisavam ser corrigidas pelo Estado Norte Americano. Processo de emergência do Serviço Social nos EUA e que reconhecem nele um momento central da trajetória de Richmond. Mas ele também expressa as disputas que estavam colocadas sobre o papel das ações de assistência e socorro aos pobres no estágio da “questão social” vivenciada naquele país na virada do século XIX para o XX.

Atualizando para os nossos dias atuais, não escapamos da arapuca de reproduzir ações da época dos europeus aqui no Brasil. O que nos salva é todo dia ler o nosso projeto ético político, para que nossas ações educativas se realizem de fato não como a gente num pedestal e o povo ( clientela do Serviço Social) abaixo de nós. todas as nossas ações devem ser construídas com a participação da comunidade, do povo. Está na Constituição Federal de 88.

Cito um exemplo prático, uma colega de profissão do CREAS que faz parte da equipe das Medidas Socioeducativas perguntou ao grupo que tipo de atividade seria bom oferecer aos jovens atendidos. Pasmem! Seria bom perguntar primeiramente aos jovens que ela atende, quais atividades e temas eles se interessam, o construir um planejamento das atividades juntos. E o PIA , cadê?

Falando em Constituição de 88, devemos participar das atividades do Conselho da Assistência Social, cuja os integrantes são os usuários dos CRAS, Centro Pop, CREAS.

Sei das estratégias dos governos de calar esse segmento.


Mas ainda é um importante espaço de discussão, assim como as Conferências que são realizadas a cada dois anos, importante espaço de discussão não apenas para a gestão mas para os usuários.





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